segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Folhas de outono


E mais um dia.
Uma clareira que se põe ao sol,
Às margens da inquietação...

O destino se distancia, mais e mais.
Como a ventania que sopra longe
As folhas de outono.

As mãos não mais se apertam,
Os olhares não mais se cruzam,
Os lábios já não mais se tocam...

O vazio e o silêncio de sempre
Tomando de conta da respiração
Que não se ofega mais.

Os suspiros e os passos de um corpo
Que não mais se sustena, vagando pelo vale
De incertezas em sentimentos confusos.

As folhas de outono varrem para
Longe a certeza de um sentimento
Que não se sabe...

As mãos que não se tocam,
O desejo que se desvaneia,
A pulsação descompassada,
O resto de mim...

Por Luana Chaves
(23/10/11)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Outonos e primaveras


Primavera é tempo de ressurreição. A vida cumpre o ofício de florescer ao seu tempo. O que hoje está revestido de cores precisou passar pelo silêncio das sombras. A vida não é por acaso. Ela é fruto do processo que a encaminha sem pressa e sem atropelos a um destino que não finda, porque é ciclo que a faz continuar em insondáveis movimentos de vida e morte. O florido sobre a terra não é acontecimento sem precedências. Antes da flor, a morte da semente, o suspiro dissonante de quem se desprende do que é para ser revestido de outras grandezas. O que hoje vejo e reconheço belo é apenas uma parte do processo. O que eu não pude ver é o que sustenta a beleza.

A arte de morrer em silêncio é atributo que pertence às sementes. A dureza do chão não permite que os nossos olhos alcancem o acontecimento. Antes de ser flor, a primavera é chão escuro de sombras, vida se entregando ao dialético movimento de uma morte anunciada, cumprida em partes.

A primavera só pode ser o que é porque o outono lhe embalou em seus braços. Outono é o tempo em que as sementes deitam sobre a terra seus destinos de fecundidade. É o tempo em que à morte se entregam, esperançosas de ressurreição. Outono é a maternidade das floradas, dos cantos das cigarras e dos assovios dos ventos. Outono é a preparação das aquarelas, dos trabalhos silenciosos que não causam alardes, mas que mais tarde serão fundamentais para o sustento da beleza que há de vir.

São as estações do tempo. São as estações da vida.

Há em nossos dias uma infinidade de cenas que podemos reconhecer a partir da mística dos outonos e das primaveras. Também nós cumprimos em nossa carne humana os mesmos destinos. Destino de morrer em pequenas partes, mediante sacrifícios que nos faz abraçar o silêncio das sombras...

Destino de florescer costurados em cores, alçados por alegrias que nos caem do céu, quando menos esperadas, anunciando que depois de outonos, a vida sempre nos reserva primaveras...

Floresçamos.

Pe Fábio de Melo

terça-feira, 9 de agosto de 2011

(DES) medindo a altura do abismo


Terça-feira. Praticamente uma semana para voltar à rotina, ela que eu não gosto, ela que eu preciso para sobreviver... Como num déjà vu, eu vejo tudo acontecer de novo, como a reprise daquela cena da novela em que os olhos ardem, a garganta seca, a lágrima relutante que não se atreve a ultrapassar o conto dos olhos tristonhos...
Ainda recordo-me de como eu era, num passado em que nada era maior que o presente que se vive ou o meu pensamento é que era pequeno demais e eu não compreendia a imensidão que ultrapassava o tempo e espaço? Quer saber? Essa pergunta não fui eu quem respondeu, mais tarde, o tempo se encarregou de seu esclarecimento, sim, foi ele.
Como já dizia Zeca Baleiro, o meu chamado marido musical: “beibe, você não precisa de um salão de beleza, pois, sua beleza é bem maior do que qualquer beleza de qualquer salão”. Era bem assim que eu me enxergava através do reflexo no espelho, quando eu não me importava com o meu cabelo, quando eu não ligava para as minhas unhas pretas descascadas ou pintadas de vermelho berrante, quando eu fazia questão de reforçar o cajal preto sobre o contorno dos olhos desafiadores, quando eu me vestia de calças largadas, quando me chamavam de magrela...
A bem da verdade, é que eu não me importava com nada disso. Eu me amava demais e isso fazia com que eu não me importasse com nenhuma palavra que fugia ao pensamento daquilo que as pessoas direcionavam à minha pessoa. Apesar de ser muito crítica, eu não ligava para elas quando expressavam aquilo que poderia se referir a mim. Está certo, eu nunca tive muita paciência, muito menos para ouvir críticas!
O tempo passa e, como eu já falei isso aqui uma vez, ele passa depressa, passa rindo da gente! Todavia, em meu pensamento, ainda consigo resgatar situações passadas que me remete à pessoa que eu fui um dia. Aquela garotinha valente, possuidora de uma coragem e ousadia que, hoje, se resume a medo, insegurança e personalidade, o que, graças a Deus, nunca me faltou! Ainda assim, em meio a essas fagulhas, eu ainda consigo entrar em contato com essa garota de vez em quando...
O fato é que eu não me importava em nada com as conseqüências, simplesmente agia. Não que minha impulsividade tenho ido pro pau, mas, no passado, eu não media a altura do tombo, não importava onde cairia, se no gramado, no concreto, ao mar... Eu sentia intensamente, sem medo nem culpa, amava quantas vezes fosse possível, sofria quantas vezes fosse necessário para esquecer!
Ninguém vive de sensações, emoções, sentimentos, se não tiver alguém para partilhar tais vivências. Pessoas maravilhosas fizeram e ainda fazem parte da minha vida, pessoas surpreendentes desfrutaram comigo um amor que eu jamais juraria sentir. E foram exatamente essas pessoas que cruzaram o meu caminho, que compartilharam comigo momentos inesquecíveis, que me fizeram, também, dosar a minha ousadia, frear a minha coragem e medir a altura do abismo antes de me jogar a fim de viver a sensação da queda livre...
E foi assim que eu aprendi a desviar, na medida do possível, meu caminho das “ciladas”. Durante muitos anos, esse foi o mecanismo de defesa que eu me utilizei para sobreviver às armadilhas do destino. Entretanto, um dia, cansada desse ciclo vicioso, experimentei agir como no passado, sem filtro nem freio nem receio e me vi, de surpresa, diante das mesmas frustrações e erros cometidos há cinco, sete anos atrás.
O que fica para mim disso tudo, é que não importa em que época viveremos, o fato é que, se não tivermos coragem e ousadia para vivermos nossos momentos em verdade e intensidade, nossos medos e covardias passarão à frente de nossos relacionamentos e viveremos de relações vazias, sem grandes emoções, pois, sempre teremos o receio em arriscar, o medo de nos frustrarmos...
Eu não sei você que, por ventura esteja lendo essas palavras, mas, eu não quero viver numa vida de aparências, eu quero continuar a ser intensa, mesmo que eu me frustre em expectativas; eu quero continuar me jogando, sem me preocupar com a altura do tombo nem por sobre onde cairei; eu quero continuar amando uma, duas, três pessoas, mesmo que eu procure em cada uma delas a mesma pessoa que um dia eu não fui capaz de conquistar, mas, que, ainda aquece meu coração.
É isso aí mesmo, eu pretendo manter-me como sou, resgatando muito do que fui. Eu quero continuar a ser essa sagitariana, que age por impulso, que gosta ou desgosta no ato, que é sincera ao que sente e expressa. E, apesar dos desequilíbrios, ainda quero continuar a ser essa criatura que, com essa essência fogo, sente no toque, sente à flor da pele, sente no olhar, sente de corpo e alma...
Por Luana Chaves (09/08/11)


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Decifrando o silêncio


Tarde fria, um chamado a pulsar.

As interrogações se aplacam e a fermata

Passa a marcar os passos, os lentos...

De mim, além da terra!


Em meio ao silêncio, só resta o eco,

O barulho do silêncio que me sufoca!

As respostas, onde estão?

Como são, quem irá interpretá-las?


As dores do vazio, a distância de mim...

Resguardo-me em meu leito, sem tempo nem chão!

Por onde andará a fortaleza do meu eu?

Por onde andará você?


O medo se vai, ontem eu disse...

E hoje? O que há?

Onde estará a mudança? No nada?

Ainda resta-me a mim... Resta?


Aí está você, de corpo... E alma?

Por detrás das lentes, ela está.

Quem dera eu, se eu pudesse...

Não, nada vejo!


Por onde andará você?

Traz-me a minha resposta,

Interpreta tua fala,

Decifra-me a tua resposta...


Por Luana Chaves (25/07/11)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Santíssimo Sacramento

Caro leitor, aqui estou e, como num final de filme assistido pela segunda vez, sinto-me como se isso já estivesse acontecido antes. E fico a me perguntar: realmente isso aconteceu ou é apenas um dèjá vu? Em meio às dúvidas, só me restam interrogações. Até mesmo elas, que preenchem todos os espaços do meu pensamento, parecem um “repeteco”.

Esses dias foram diferentes. Encantadores, posso, assim, dizer! Ainda me resta a lembrança muito nítida. Ao olhar essa foto, me vem quase que a emoção completa do momento. Tudo bem, eu sei que não. Só quem vive o momento, sabe a intensidade e a importância que ele tem. E você, caro leitor, jamais sentiria a emoção que eu senti quando vi essa imagem se refletir real, como está, na parede naquela noite de sábado...

Olhe bem para essa foto. É o próprio Coração de Jesus Misericordioso refletido na parede! Como isso foi possível? Sinto cada parte do meu corpo arrepiar só de lembrar-me desse momento mais que especial. E eu só tenho a agradecer por esse dia lindo, por esse presente maravilhoso. Meu Deus sabe o que faz e não faz pelas metades. Escute bem: Deus NUNCA faz pela metade! Guarde bem essa frase e lembre-se bastante dela quando fizer um pedido a Ele...

Vem, age na minha vida. Mesmo que eu não queira, faça uma obra em mim. Mesmo que eu não queira, habita em mim. Manda seu Espírito. Ora por mim, Espírito Santo! Leva pra Deus tudo aquilo que eu preciso, afasta de mim o que não é para minha vida. Tira do meu caminho o que não me faz bem. Escuta meu coração, me ajuda. Dá-me discernimento. Ajuda-me a reconhecer o que é meu, o que é do mundo, o que é de Deus...

Diga-me as palavras que eu necessito dizer,
mas não consigo. Ensina-me a rezar, a pedir, a agradecer, a adorar... Mostra-me o que é para mim, me ajude nas minhas fraquezas. Não sei como devo pedir, Espírito Santo, mas, ajuda-me! Tira de mim todo o atraso que me afasta de Deus.

Intercede por mim, Espírito Santo. Eu sei que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e eu quero mais e mais esse amor. Eu te peço, clamo: vem orar por mim. Só Deus sabe a dor que sinto, as angústias que me prendem, as inquietações que me cercam.

Meu coração está ferido, sem ao certo saber qual a razão. Cura-me, Espírito Santo, leva pra Deus tudo o que me faz infeliz, tira de mim tudo o que não é para mim. Traz a paz, fortalece o amor e confiança que tenho em Deus.

Por Luana Chaves

(07/06/11)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Faz de conta



De novo. Como num faz de conta. Finge que eu continuo vindo aqui. Faz de conta que eu tenho passado para o papel todas as angústias que me afetam, faz de conta que eu dei conta de fazer isso todas as vezes em que foi preciso. Faz de conta. Faz de conta! Ora, eu não suporto mais fazer de conta! Para que? Por quê? Eu não sei ser assim, eu não consigo ser assim. Já tentei, juro que já tentei. Mas, hoje, não deu. Você, que lê o que eu escrevo, sabe. E você, que veio pela primeira vez, meu bem, vai saber: eu não sei ser assim. Repito: EU NÃO SEI SER ASSIM (leia-se: SOCORRO!!!).

Tentei algumas vezes escrever aquilo que eu queria ler, aquilo que fizesse meu coração acalmar. Não foi possível, não consegui mentir para mim mesma. Eu até tentei, mas as palavras ficaram soltas, sem nexo algum. É estranho... Eu consigo mentir pra você, minha família, meus amigos, mas, para mim mesma, jamais! Isso me frustrou, pois, para me aliviar, eu quis inventar uma realidade que não existe dentro de mim. Mas, quer saber? Isso é bom! Prova que eu sou fiel a mim mesma, ou, pelo menos, tento.

Essas tentativas de esquecimento só me fizeram enxergar o quanto não posso esquecer, assim, por esquecer. Mas como irei esquecer aquilo que eu não sei se era pra existir? Diga-me você que está lendo essas palavras quase que sufocantes: como? O convívio me faz bem, mas, ao tempo, tira-se o chão! Como pode? Já pedi a Ele que me guiasse, que me dissesse qual é a direção, o que fazer... Até recebi um sinal de fumaça, sabe, mas fiquei na dúvida, me perdi pelo caminho que estava tão obscuro! Apesar disso, nesse meio tempo, pude aproveitar a distração, me diverti, todavia, não esqueci...

Olho para trás e não tenho mágoas, nem remorso do que se passou. Isso é bom? Não sei. Não sei mesmo. Fico a me perguntar: por que essa situação, sendo que não deu certo? A vida podia ser como num tamagoshi, né? Quando a gente estivesse quase se fodendo, haveria um botão atrás escrito “reset”. E pronto! Tudo de novo, como se nada tivesse acontecido. Seria essa a melhor solução para as presepadas que a gente se mete?

Um faz de conta. Faça de conta você que está lendo essas palavras! Faça de conta que eu não escrevi nada disso que venho discorrendo, faça de conta que eu estou cem por cento bem. Faça de conta, também, que você não entendeu o que escrevi, porque eu sei que você entendeu, mas, apenas, faça de conta...

domingo, 27 de março de 2011

Rifa-se um coração


Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que, na realidade, está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente, que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu: "não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista, um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes, revê suas posições, arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado, indicado apenas para quem quer viver intensamente e contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que, quando parar de bater, ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: "O Senhor poder conferir, eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer".

Rifa-se um coração ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta.


Por Clarice Lispector

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Uma palavra esperando tradução

Pensamentos borboleteando...

De repente, me deu uma vontade de escrever. Uma vontade de colocar pra fora isso, sabe. Mas colocar pra fora de verdade! Queria que as palavras expulsassem de dentro de mim isso que me incomoda, isso que me deixa inerte. Está comigo e não está. Sinto e deixo de sentir, quer dizer, tento deixar de sentir. Queria congelar tudo isso e passar a mão num martelo e destruir tudo, fácil, fácil...

Perdi o chão. Cadê a chave de casa? Trocaram a fechadura? Os pensamentos fervilham dentro de mim e a vontade de partir é enorme. Partir para onde? Nem eu mesma sei. Sinto vontade de partir de mim, de sair disso, dessa “coisa” que me sufoca. Não sei. Ando desconfiada. Sinto que estou sendo traída pelos meus próprios sentimentos... Eles me confundem. Por quê?

Essa música de fundo que você não está escutando, me faz lembrar muita coisa. Coisas que não aconteceram. Perdi o freio. Esqueci que a natureza do grão é crescer... Ele realmente cresceu e tomou proporções que eu não pude jamais imaginar. Eu não queria, de verdade, que chegasse ao que chegou.

Perdi o freio. De novo. Mesmo depois de tudo, eu continuei. Não queria saber nem quero. Eu queria mesmo era voltar no tempo, juro que teria aproveitado bem mais! Juro que não teria errado tanto. Mentira. Teria errado, sim. Enfiei os pés pelas mãos e enfiaria não sei mais onde se tudo não tivesse o fim que teve. Eu iria me arrepender, eu sei.

Não é disso que peno. É das palavras que foram ditas erroneamente. Palavras que não foram sinceras. Foram? Diga-me você! Eu não sei. Em metade, eu acreditei. Na outra, eu fingi que não ouvi para não estragar o momento. Olhos, pele e boca. Nada mais tem importância, não nesse momento de vazio. De sobra. Sobra do que tive pela metade. Sobra da sua ausência...

Talvez eu saiba o que é melhor pra mim. Talvez eu queira que isso seja melhor pra mim, pra minha felicidade. Mas que felicidade? Que felicidade é essa que não me permite ser feliz? Que incoerência! Que infelicidade... Não é nada. É teimosia. Nada é apenas uma palavra esperando tradução. Agora, teimosia... Sou eu em pessoa! Eu querendo ser Deus da minha vida.

Por Luana Chaves (21/02/11)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Chama de mim


Embreago-me com o amanhecer.
Meu eu consolida tua nascente!
Diante da força, do luzeiro...
Teu som, teus sentidos, a luz.

O amor? As lágrimas!
De teu peito sinto inflar
A viva chama, a chama
Do meu ser...

Queima em mim, queima em ti.
A chama brilha, cai sobre mim.
A ti, inebria...

Cobre, envolta do que é.
No sentimento, germinará...
A luz, a chama de mim!

Por Luana Chaves
(01/02/10)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O amor não vive de presente

Hoje eu escutei uma música que suscitou alguns questionamentos sobre os últimos acontecimentos da minha vida amorosa. Havia um trecho que dizia mais ou menos assim: “o amor não vive de presente; o amor vive do futuro, pois ele enxerga o que o outro ainda não é, enxerga o que ele ainda pode ser”.

Nesse momento, meu coração disparou! Quando escutei essa última parte (o amor enxerga o que o outro ainda pode ser), senti uma pontada no peito, como se alguém tivesse feito uma brincadeira de mau gosto e me abraçasse por trás, me deixando sem ar. Sentia que meu radar gritava desesperado em meu socorro...

Eu não consigo enxergar a minha paixão além do presente. Só se passam fantasias, desejos, vontades, que são castradas cruelmente por uma força que me liberta ao mesmo tempo que tira a minha alegria e me traz a angústia, me colocando à prova do que quero e do que deveria fazer. Você entende? Meu Id e Superego nunca estão em acordo! Afinal de contas, quem garante o que é certo ou errado? Eles podem apenas tomar rumos diferentes...

Uma vez eu escutei que, quando é para ser, não há espaços para dúvidas. Desde o primeiro olhar, um raio de dúvidas caiu sobre a minha cabeça! Senti curiosidade, atração, vontade... medo! Será que o amor age realmente de forma tão clara e objetiva em nossas vidas ou será que nossas ações é que travestem nossos sentimentos (ou não) em amor? Tenho minhas dúvidas sinceras...


Por Luana Chaves (31/01/11)