terça-feira, 22 de maio de 2012

Cedendo lugar


Pensamentos borboleteando...

Engraçado como a gente tem clareza das coisas na convivência do dia a dia e, muitas vezes, nem percebe. Confesso que já me incomodei com isso. Muito, diga-se de passagem! Mas, o tempo passa e a gente amadurece. Como já dizia Caetano Veloso: "tempo, tempo, tempo, tempo, és um dos deuses mais lindos". É verdade. O tempo é lindo, pois, ele passa e transforma e, um dia, a gente aprende que as pessoas mudam de "posição" em qualquer relação. Todavia, hoje, venho falar sobre amizade. Sim, há uma amizade entre duas pessoas. De repente, não mais que de repente, aparece uma outra. Novidade, humor diferente, vida diferente, conversa diferente, cabeça diferente, mais uma vez: novidade! Então, a amizade mais antiga, mesmo sem querer, dá lugar a essa pessoa nova... É assim! Se a amizade mais antiga não cede lugar à próxima, aí surgem os atritos, porque, a bem da verdade, é que ninguém substitui ninguém. Como já constatava Isaac Newton: "dois corpos não ocupam o mesmo lugar", portanto, duas pessoas não ocupam a mesma posição na vida de ninguém. Então, às vezes, é melhor se recolher, rever conceitos. Sabe por quê? Porque, sinceramente, se alguém deixa outro ocupar o lugar que era seu numa relação é porque, talvez, meu amigo, esse lugar nunca tenha sido seu... É isso!


Por Luana Chaves
(22/05/12)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Equilibre-se



            Pensamentos borboleteando...
            É engraçado como o tempo passa, a gente erra, acerta, amadurece, ignora, passa por cima, atura... E a gente sempre bate na mesma tecla. Não somente em um aspecto, mas, em mais de vários! Burrice? Não sei. Não sei mesmo. Só sei que ontem, quando fui dormir, após fazer minhas orações diárias, não tive sono (coisa rara). Então, tive um momento muito bacana. Pude entrar num diálogo comigo mesma. Bem que não é raro... Sabe, tinha tempo que não vinha aqui. Ando meio sem tempo. Na verdade, ando meio sem inspiração para escrever textos fantásticos e nem é minha pretensão fazê-lo hoje, nem nunca foi, enfim...
            Esses últimos dois meses, eu passei por momentos tão diferentes. Nunca tinha passado por uma fase assim. Se você me perguntar, nem sei ao certo dizer o que passei, o que senti. Só sei que doeu. Doeu como se tivessem enfiando uma flecha no meu peito! Não saberia dizer que tipo de dor eu sentia, muito menos o sentimento que ma acompanhou por esse tempo. Por um tempo, fui me acostumando com essa dor que a flecha causou. Já não sentia mais dor, só o incômodo. O incômodo das pessoas que eu amo me cercando, me cobrando presença, atenção, cobrando uma coisa que eu não poderia ter dado naquele momento. Cobrando algo que não pude dar a mim mesma. Estava frágil, não estava bem comigo mesma.
            Sabe qual é a sensação de você não se identificar com a própria pessoa que você é? Eu jamais saberia responder a essa pergunta se não tivesse sentido na pele o que é estar num corpo em que você não se sente pertencente. É horrível, como se você tivesse se transformada numa outra pessoa. Transformação na qual você parece não ter feito parte. É você dormir de um jeito e acordar de outro sem nem saber o que se sucedeu durante a madrugada. Foi assim que me senti durante esse tempo.
            Não conseguia colocar pra fora, não conseguia dizer o que sentia. Não queria saber de ninguém perto de mim, porque ninguém entendia o meu silêncio, ninguém entendia o sufoco que eu sentia por algo que eu não sabia o que era. Ninguém teve a sensibilidade de perceber o meu silêncio. Nem culpo, nem julgo. Até porque, nem eu mesma sabia o que significava todo aquele silêncio, toda aquela angústia que pairava sobre mim. Eu só chorava, era essa a minha forma de expressão. Que foi falha, pois, ninguém presenciou nenhum momento desse, ninguém viu uma lágrima escorrer, ninguém viu o sentimento que eu escondia atrás das risadas, das brincadeiras...
            Se me fechei, se não compartilhei, se me silenciei, foi porque não tive espaço pra expressar em palavras o que sentia. O que eu queria era só falar. Mas, como? Não conseguia... Então, me fechei no meu silêncio. Não que tenha sido ruim, foi muito bom. Pude perceber que muitas das minhas escolhas não foram feitas por mim. E eu quero viver as minhas escolhas, eu quero acertar, quero quebrar a cara. E quero vocês, meus amigos, comigo. Quero um abraço aperto de saudade, quero um sorriso de alegria, quero um colo quando me sentir frágil, quero um ombro amigo pra chorar...
            É bem verdade que o que eu mais quero agora é cuidar da minha própria vida. Agradeço as preocupações, o cuidado. Mas, sabe, cuidar da própria vida é sempre a melhor opção. O que venho hoje aqui dizer a você, caro leitor, é que deixe de lado a vida do alheio, deixe de se preocupar com a vida dos outros. Procure resolver seus próprios problemas antes de apontar os problemas alheios. Busque seu equilíbrio emocional primeiro para depois aconselhar o próximo. Se você não está em equilíbrio, não serve de suporte para ninguém. Cuide de você, da sua vida, dos seus medos, dos seus deslizes, das suas fraquezas. Trabalhe em você o que gostaria de mudar, o que precisa ser mudado.
            Depois que a sua vida estiver boa, depois que você conseguir resolver seus próprios problemas, depois que você conseguir lidar com seus sentimentos, aí, sim, você procura ajudar o próximo. A gente não consegue dar ao outro aquilo que a gente não tem, a gente não consegue servir de exemplo para o outro se não consigamos ser exemplos pra nós mesmos. Estejamos bem com a gente mesmo para, depois, podermos fazer o bem ao próximo.
            Equilibre-se (:

Por Luana Chaves (25/04/12)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Cabana de sentimentos





Pensamentos borboleteando...

Como numa visita a uma cabana abandonada em meio a um bosque... Não sei se você ou alguém presenciou aquele momento que possa concordar comigo, mas, o caminho de chegada era muito bonito, me encantava a cada passo dado. Havia muito verde. Eu sentia um cheiro muito forte de vida. Uma vida que não se equiparava à minha, vida que se mantinha longe de mim, longe daquilo que eu gostaria de vivenciar de vez em quando... A trilha sonora era sensacional! Tantos cantos diferentes... Um som agudo, outro mais grade, uma dupla, um trio, um canto solitário. Aqueles bichinhos, tão exóticos, compunham uma canção que eu jamais poderia reproduzir a sons humanos.
Aquela canção era tão bela, tão marcante, tão intensa, que me fez esperar por muito tempo até que, então, eu tomasse coragem e adentrasse aquela cabana, aquele lugar frio, aquele centro de atenções, que guardava a sete chaves sentimentos que eu jamais poderia traduzir agora... Somente elas, aquelas palavras ditas no momento, no tempo de acontecimento, é que podem traduzir, dizer o que foi dito, o que foi sufocado, o que foi silenciado, o que foi sentido, o que eu vivi...
Minha respiração era quase que ofegante, sentia meu coração disparar, como quem acaba de desacelerar uma corrida em passos largos. Meus olhos fitaram aquela paisagem, congelaram aquela cena tão emocionante... Porém, o cheiro forte de madeira molhada me deixou enjoada, trazia-me uma sensação de ânsia, uma mistura de sensações, na qual eu não sabia se gritava, se chorava, se colocava tudo pra fora... Sustentei. Respirei fundo, fechei os olhos, apoiei-me numa lasca de tronco que se encontrava amarrada próximo à entrada da casa abandonada, imitando uma pilastra mal acabada. Quando percebi que já podia me sustentar sem aquele apoio rústico, pouco seguro, esfreguei meus olhos, soltei um suspiro prolongado e segui em direção à porta.
Quando fiquei defronte à entrada daquela casa, daquele lar abandonado, senti uma ponta de insegurança pairar sobre mim. Naquele momento, senti meu passado se aproximando, quase que me puxando no tempo. E, de repente, senti meu presente se distorcer. Como se o fato de eu adentrar aquele lugar vazio, cheirando a mofo, pudesse impactar no que eu estava vivendo, pudesse ofuscar o que o meu presente estava me ofertando. Então, como que para abafar esses pensamentos que estavam me deixando confusa, eu bati de leve na porta que se encontrava entreaberta. Do outro lado (de dentro), ninguém respondeu. Bati novamente. Dessa vez, o som da batida saiu com mais vontade, todavia, escutei somente o eco da minha mão contra a porta se espalhar pelo ambiente. Não hesitante, porém, adentrei o espaço.
Entrando na cabana, senti um cheiro muito intenso de incenso. Ainda recordo-me, a essência era de canela. Dei uma olhada tímida em volta daquele lugar cheio de teias de aranhas e não me senti nada confortável. Era como se eu tivesse numa cena daqueles filmes de terror, em que a vítima é jogada como forma de seqüestro num lugar bem obscuro. Enfim, depois dessa olhada rápida, notei que a cabana se dividia em dois cômodos, se é que se pode assim dizer. Havia uma daquelas cortinas hippies, tipo de artesanato, sabe. Então, ergui minha mão e puxei num ato rápido aquele tecido remendado e avistei um ambiente que mexeu completamente comigo, então, o desconforto se foi, deixando espaço apenas para a familiaridade que senti naquele momento...
Na verdade, era bem esquisito, para não se dizer assustador! Depois que a cortina se foi com o desconforto que me acompanhava até então, eu avistei o “meu” espaço. Sim, era isso mesmo! Havia esse mesmo abajur e essa mesma televisão antiga que você, que está lendo essas palavras agora, pode enxergar de marca d’água dessa página. Além do mais, esses mesmos quadros de parede estavam dispostos dessa mesma forma: acima do abajur sobre a televisão. Que loucura! Que bruxaria era essa, afinal¿ Bem, foi isso que, a princípio, eu também pensei. Mas, não. Não era bruxaria, não era nada demais. Era você, caro leitor, me acompanhando até meu cantinho de escrita, cantinho em que sai e se fica guardado muito do que se passa comigo.
Essa cabana em maio a um bosque cada mais é do que esse espaço em que nos encontramos agora. É o meu canto. Canto que em volta tudo é bonito, a música é perfeita, mas, que, por dentro, é um ninho de confusão, de contradição, de sentimentos, de vida que não se compartilha da porta pra fora. Por isso as teias, os móveis antigos, o incenso recém aceso, o conforto e o desconforto, a vida, a minha vida...
É nesse “cômodo” da cabana “abandonada” que eu queria deixar você agora. É aqui que eu quero que você fique, para que possa entrar em contato com o que me confunde por inteira. É qui que você tem que ficar para me conhecer, para enxergar com precisão o que eu sinto, o que desejo, o que quero viver, o que eu quero de você...
Agora, eu me despeço. Não da cabana, não de você, mas, sim, das minhas e das suas incertezas. Fique à vontade, aproveite o momento. Deixarei a porta entreaberta como quando você entrou. A lasca de tronco amarrada em forma de pilastra estará mais à frente da casa, para que você consiga pegar seu caminho de volta. Não bagunce nada, não mexa nas cinzas do incenso. Apenas “leia” todos os meus sentimentos e os interprete pensando não só em você ou somente em mim, interprete-os pensando em nós dois...

Por Luana Chaves (27/02/12)