terça-feira, 4 de maio de 2010

Couraças: ontem e hoje



Pensamentos borboleteando...


Como todo mundo sabe ou pelo menos desconfia, nós, seres humanas, temos uma capacidade inerente de adaptação. Seja qual for o tempo, ambiente ou estado de espírito e humor, adaptamo-nos conforme a necessidade pessoal ou social, individual ou coletiva. Mudamos. E as mudanças ocorrem, normalmente, de acordo com as escolhamos que fazemos, as ações que praticamos.


Agora a pouco, eu estava remexendo em materiais antigos que guardo a sete chaves. Lendo uns cadernos, deparei-me com poesias que escrevi ainda quando estava na 7ª série! Com 20 anos, senti um estranho incômodo ao decifrar páginas e páginas carregadas de lágrimas, angústia, desespero, incerteza. Era o sofrimento puro. Puro e sincero. Sentimentos de uma garotinha que havia começado a decodificar seus desejos e anseios, de forma simples e direta.

Hoje as poesias são mais densas, indiretas e nos remetem a ler as entrelinhas, enxergar a sua profundidade através do que está subentendido e não daquilo que está exposto, “escrachado”, fazendo com que as pessoas interpretem como algo banal. Será de propósito? Será que temos medo de sermos interpretados como banais? Ou será tudo isso um mistério? Uma maneira de querermos parecer, de alguma forma, mais interessantes?


A diferença básica é de que quando éramos mais jovens, tínhamos o tempo todo do mundo para sofrermos e agora pensamentos que temos muito pouco tempo para viver, aproveitar a vida, que não há espaço para o drama? Ou tudo isso tudo não tem nada de “friamente calculado”, e nos tornamos assim por pura culpa do inconsciente como forma de mecanismo de defesa contra o mundo frio e calculista em que vivemos?


Nada que eu tenha a resposta em primeira mão. Aliás, talvez nunca tenha mesmo. O fato é que não optamos, mas somos espontaneamente forçados a mudar de postura, opinião, estilo de vida, assim como o camaleão muda de cor, conforme o interesse que nos convém e/ou de acordo com aquilo que nos é imposto pela sociedade, uma vez que o homem não sobrevive isolado, mas sim em conjunto a todas as espécies, que se encontram em constantes transformações, exigindo, assim, cada vez mais mudanças de adaptação.


Jovens ou não, somos bombardeados de transformações por todos os âmbitos da vida. Cabe a cada um de nós sabermos lidar da melhor maneira possível com nossas couraças, que cada um, no íntimo, sabe exatamente quais são.



Por Luana Chaves

(04/05/10)

2 comentários:

  1. Realmente interessante... É de se pensar,mas são coisas que todos tem, desde que nasce até o dia de sua morte, nunca muda independente da idade. Bem realista o texto principalmente falando da adaptação das pessoas. Muitos me julgam realmente pela minha idade, mas toda pessoa em sã consciência sabe que você pode ter 50 anos e voltar a sofrer como um adolescente de 15 só porque encontrou um novo amor, assim como as pessoas podem mudar a aprender a controlar, mas vai das pessoas. Assim como você, guardo muito bem guardado o que escrevia antes (dos 10 aos 14) e vejo que não há nada de mais, são sentimentos de uma pessoa que se sentia sozinha e procurava um amor, hoje escrevo sobre tudo não só sobre mim, mas as coisas vão fluindo e talvez eu volte ao passado e me depare com um sentimento parecido, afinal ninguém é totalmente feliz e nem totalmente triste. Você ressalta que ao ler seus arquivos havia páginas carregadas do peso da angustia, mas se repararmos vamos ver que hoje ou amanhã podemos voltar a sentir essa angustia. Os sentimentos Vão e vem e acontece dependendo dos caminhos e das pessoas que encontramos em nossa vida, dos momentos, das situações e não pela idade. Seu texto é maravilhoso, por que todos sentem muito isso quando lembram do passado de alguma forma. Eu realmente gostei, parabéns! Escute o som de meus aplausos.Você merece!

    Até mais

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  2. Nossa, fico lisonjeada com um comentário assim. Uma pessoa q leu meu texto e se identificou com cada palavra. Brigada meesmo. Mas o q quis mesmo dizer, é qdo a gente vai ficando mais 'velha', as palavras vão fluindo de forma diferente, a gente tem uma preocupação maior com as ambiguidades, com o q fica subentendido, q quando era mais jovem, não pensava, pelo menos eu era assim.. Antes, as palavras fluiam na inocência.. Já hoje, eu tenho uma preocupação maior como, por exemplo, com quem vai ler, o q eu quero trnasmitir... Não fiz uma alusão às diferenças de idades, mas sim da malícia de se tratar os fatos.. Volte sempre ^^

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